terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

PUBERDADE E ADOLESCÊNCIA

Faço aqui um convite para que cada um volte os olhos para dentro de si mesmo. Para isso precisamos recorrer a humildade e paciência e tentar relembrar como passamos a nossa puberdade e adolescência.

Há pessoas que arriscam dizer de uma forma irônica que nem se lembram e até acham que nunca viveu essa fase, “foi tudo normal”, não deram tanto trabalho aos seus pais. Só quando há alguma insistência no relembrar, notamos que vem à tona fatos bem isolados que insistimos e até achamos graça, mas se vamos olhar bem de perto, veremos que eles chegam à nossa memória, e ao nosso coração, ainda muito carregados de uma gama de intensos sentimentos.

Como adultos, bem ou mal resolvidos, teremos que admitir que passamos por experiências muito semelhantes aos nossos púberes/adolescentes.

Até os 10 anos mais ou menos, pode variar de acordo com o ritmo de desenvolvimento, a criança acompanha os pais a todos os lugares, de forma radiante. Nesta etapa, os pais são verdadeiros heróis e tudo que passam para os filhos, se torna lei que as crianças transmitem nas rodas de conversa. Isto pode ser constatado nos intervalos de recreio e em sala de aula, quando discutem pontos de vista, que vem carregados de “meu pai disse; minha mãe falou...”, sempre com os olhos bem abertos e brilhantes.

Com o passar do tempo, lá pelos 11 ou 12 anos, podemos observar que os púberes começam a reclamar quando são solicitados para acompanhar os pais a algum lugar. Não concordam mais com as roupas que a mãe escolheu, e aos poucos vão se irritando com maior facilidade quando opinamos sobre suas atitudes.

Nesse período o púbere apresenta uma mudança de humor acentuada e repentina, choro sem muito fundamento nas meninas e o nível de tolerância chega a zero, provocando à sua volta um clima tenso e agressivo.

A puberdade é o início da adolescência e fica caracterizada como um eterno “contrapor-se” aos pais, que passam tentar justificar esse comportamento, atribuindo culpa a situações que podem estar influenciando seus filhos.

Tudo isso é muito novo para todos, “Onde está aquele (a) garotinho (a) que não ironizava minhas palavras, que ia bem na escola e que tinha muito orgulho dos pais?”.

O que está acontecendo pais, é que ele está crescendo, e crescer dói, é confuso e muito rápido.

Até aqui nosso filho estava vivenciando muito bem a relação de “túnel”, isto é, “filho e mãe” , “filho e pai”, agora, coma chegada da puberdade, ele começa a desenvolver a relação “triangular”.

A triangulação passa a ser: “FILHO PAIS AMIGO”, agora é hora do púbere vislumbrar o grupo, comparando sua bagagem pessoal/familiar com uma gama extremamente diversificada de bagagens dos novos elementos do grupo. Nessa ocasião, terá que se esforçar para se sentir aceito e confirmado e essa confirmação depende principalmente do grupo social.

É este clima de contraposição, irritação, agressão e auto-afirmação que vai leva-lo a construir sua identidade e para que isto ocorra, é necessário colocar à prova tudo o que recebeu de seus pais.

Os pais são os primeiros a se ressentir com tais mudanças, pois passam muito tempo sendo pais de crianças (cerca de 10 anos) e de repente o clima familiar começa a mudar e a harmonia de antes parece ameaçada.

Procuremos entender o processo. Até a 4ª série, a estratégia educacional é infantilizada, isto é, os alunos são tratados como se fossem menores do que realmente são, as “tias”, os vasos sanitários pequenos, as carteiras escolares pequenas, enfim tudo miniaturizado para “atender as crianças” e tudo isso acaba quando se chega à 5ª série.

No primeiro grau menor as relações são bem mais próximas e isto confere certo grau de segurança tanto aos pais como aos filhos, mas também estabelece um padrão de comunicação que privilegia as relações em “túnel”, isto é pessoa a pessoa.

Para completar, o seu grupo sofreu algumas perdas, alunos (amiguinhos) que mudaram de escola, ganhou novos companheiros e agora é obrigado a se acostumar a chamar a “tia” de professor, que já não é mais um só, mas um professor por matéria.

Sua capacidade de organização é amplamente posta à prova, pois deverá controlar calendários e agendas de trabalhos e provas sem os lembretes cotidianos dos professores.

Seu universo social tem agora grandes inovações e suas condições biológicas transformam-se a olhos vistos, são os hormônios produzindo as mudanças em seu corpo. É o que se costuma chamar de “SÍNDROME DA 5ª SÉRIE”, quando as mudanças, físicas, biológicas, sociais e psíquicas, ocorrem em todas as áreas da vida do púbere e o obrigam da digerir e administrar em tempo recorde.

É nesta fase que a família precisa utilizar toda a compreensão e amor para fazer frente às possíveis ameaças que podem abalar as estruturas, pois estão sendo desenvolvidos os primeiros papeis sociais de seus filhos. A chegada da adolescência se caracteriza pela ampliação das relações triangulares para a circularização (pertencendo a diferentes grupos de relações sociais).

A turbulência de comportamento dessa fase tende a acentuar-se até aproximadamente os 17 anos. O adolescente entende de tudo, sabe o que quer, e o grupo a que pertence é o máximo da referência. Procura se comportar de forma irreverente e choca tentando vencer os limites dos adultos. Caminha na busca de novos conceitos para velhas temáticas, fazendo um balanço constante entre o que recebeu (família) e as novas descobertas patrocinadas pelo grupo.

2 comentários:

  1. Rubens meu caro. Quanto tempo não te vejo cara! Essa foto é atual? Hahahah...
    Então cara... adorei mesmo esse seu texto. Muito interessante a síntese de tantas fases e problemas que envolvem essa temática. O blog tá favoritado a partir de agora. Aquele abraço.
    Felipe Tavares

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  2. Rubens, achei fantástica sua idéia!Adorei esse texto, você tá de parabéns.Ter um espaço como este é muito gratificante.
    Um grande abraço.
    Betânia Vaz

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