quarta-feira, 17 de março de 2010

PROFECIA – O Diagnóstico do Desempenho Social

A palavra “PROFECIA” de acordo com Caldas Aulete, tem o significado de “predição do futuro por inspiração divina ou por alguma causa oculta ou inexplicável; vaticínio, prognóstico”. Se considerarmos o significado semântico do termo, teremos que obviamente descartá-lo, visto que, cientificamente, não teríamos nenhuma alternativa para sua aplicação em qualquer tentativa de explicar e compreender o desempenho social.

Contudo, a realidade social exige que tenhamos pelo menos alguma indicação que nos permita compreender o desenvolvimento dos fenômenos sociais e para tanto, lançamos mão do termo, simplesmente para dar uma noção compreensiva das conseqüências a que somos submetidos no convívio social.

Depois de tantos anos de prática clínica e após analisar profundamente nossas histórias pessoais, fui refletindo cuidadosamente e encontrando algumas correlações entre as ‘PROFECIAS’ familiares e o desempenho dos envolvidos, o que indica marcas significativas no comportamento das pessoas.

Quero deixar bastante claro que não se trata aqui de uma tese científica, mas sim uma hipótese especulativa no sentido de se poder utilizar o conhecimento popular como recurso para compreensão das influências exercidas pelas figuras de poder em nossas relações.

Muitas vezes recorremos a várias formas de profecias, Nostradamus, Antigo Testamento, etc e não percebemos com clareza que professar é “afirmar coisas a respeito do futuro de alguém” e nisso as mães, pais e adultos tem grande eloqüência.

Vamos fazer um convite a todos, vamos viajar dentro da nossa própria história pessoal, ao nosso tempo de criança, até onde nossa lembrança nos permita e vamos pela via da emoção, resgatar as frases que ouvimos e que não sabemos bem porque permanecem até os dias de hoje dentro da gente e fazendo um eco enorme sobre o nosso comportamento.

Para facilitar a viagem, vou tentar citar algumas “profecias” bem comuns que podem indicar algum caminho.

Essa (e) menina (o) é muito exibida (o) e ainda vai dar muito trabalho...”.

Essa (e) menina (o) é muita danada (o), vai ser fogo agüenta-la (o)...“.

Essa (e) menina (o) é muito inteligente e vai se dar bem...“.

Essa (e) menina (o) é muito brava (o) e vai apanhar muito na vida...“.


Como se pode observar, estou chamando de “profecia”, aquelas frases que são ditas “ao acaso”, mas que indicam a dimensão das expectativas que se tem sobre quem se fala.

Essas “profecias” também contribuem para delimitar nossa auto-estima e num dado momento de nossa vida, constatamos que estamos cumprindo exatamente tudo o que nos foi vaticinado.

É muito importante que fiquemos atentos ao que nos foi dito, não em situações especiais, mas sim nas situações mais corriqueiras e cotidianas de nossa vida.

A viagem por esse universo, permite que compreendamos com maior clareza nossa trajetória na vida e por vezes nos ajuda a compreender e resolver conflitos repetitivos que insistem em nos atormentar.

Como já dizia Freud: - “... parece que a tarefa da Psicologia e de todas as minhas descobertas científicas é revelar o óbvio...”. Freud não estava brincando, ele falava das descobertas sobre o comportamento humano que estão repletas de expectativas sobre nosso comportamento. Em termos científicos ele falava das repetições compulsivas inconscientes.

Se olharmos com carinho e sem preconceito as profecias que foram feitas a nosso respeito, certamente poderemos compreender nossa trajetória e com alguma ajuda poderemos remodelar o caminho e assumir as “rédeas” do comando da nossa história.

Perceba que, tanto as profecias positivas como as negativas produzem um efeito sobre o comportamento.

Decifrar nossas profecias não é tarefa fácil, mas com ajuda nós podemos eliminar aquelas que tem atrapalhado nossa vida e substituí-las por “projetos de vida” elaborados por nós mesmos e que, com toda segurança, nos ajudará a dirigir o “o bonde da nossa história”.


Elaborado por: Madalena M. C. de Mello
                              Psicóloga CRP 02/3056

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